sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Torrada de planta









 O mundo é grande demais para minha vida,
Nada poderia me dá mais vontade de viver.
E a emoção de se estar num lugar desconhecido,
Faz questionamentos depressivos desaparecerem.
E se minhas lágrimas fossem alcoólicas
Evaporando antes de escorrer pelo meu rosto
E ninguém percebesse meu sofrimento liquefeito
Quantas garrafas eu devo virar até que isso ocorra?
O mundo é o lugar perfeito para que isso ocorra.
Vou dançar naquela ladeira, tropeçar e sair bolando
Será que um dia serei como eu sempre quis ser?
Uma planta pioneira num planeta distante com uma estrela verde que me torra demais da conta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Morfina

Você pode transformar tudo isso em poesia:
A vida que você sempre se pergunta a causa de ainda viver,
O vazio que você sente durante o dia
A agonia de não conseguir se livrar de um sentimento desastroso que parece dilacerar teu peito
Aquele dia que te acordas sem querer levantar e se olha no espelho e vê um monstro
O peso no torso que te impede de respirar, digerir e circular bem
E aquele olhar reflexivo de quem tem crise existencial.
Sim, você pode transformar tudo isso em poesia
E parar de gastar sua fala com coisas banais que tentam esconder suas escaras
E sentir que aos poucos sua vida melhora em palavras
Esquecendo que um dia cansou daqueles que formam um escudo ao seu redor

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Estrela renascida, estrela Phoenix.

Escreves tantas cartas de sofrimento, sei que não foi por falta de amor. Em tuas coisas vejo códigos que lembram o primeiro quadrante da translação de saturno. Este que já me prendeu demais, não exerce influência em você. Será que consigo te decifrar? Você é vítima do tridente do rei dos mares e das outras vibrações que as pessoas provocam no fluido em que tu vives. Tantas cartas, tantos amores? Juro que desconfiei, achei que fossem mais de um. Nenhum deles poderia saber ao certo se tuas palavras a ele se referem. No lugar deles, acharia que você causou mais uma ilusão, você até viveu nela. A pureza do seu sentimento, apenas me faz querer proteger-te da tua própria ingenuidade. Quando olho num lago tranqüilo, vejo você, assim como uma imagem revelando minha natureza numa bola de cristal. Sinto que netuno vai me dissolver com o tempo e muitas coisas brotarão do líquido resultante.

sábado, 26 de novembro de 2011

Tristão


Fiz um castelo de areia
Mais sólido que a minha pessoa
Era apenas areia de praia
E eu apenas uma pessoa comum
Não sei em que planeta
Consegui fazer-me ouvir
As coisas que são ditas
Entram e saem pelo mesmo ouvido
Mas não ficam de molho
E nem são enxaguadas
Pessoas que sofrem do mal do século
Estiveram comigo e às vezes sinto
Que fui eu que as contaminei
No entanto estou aqui
Melhor do que elas parecem estar
Pois sei que um dia minhas confissões
Surtirão algum efeito numa pessoa
Que é como meu castelo de areia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O caminho da pedra

Por Emerson Bezerra

Eu sou a pedra no meio do caminho
Só não fiz com que jamais me esqueçam
Muita coisa podia ser melhor em mim
Um quarto bagunçado me espera
Comecei no turbilhão agora
E senti os efeitos do polimento
A vida me poda, me pole, me poda
E eu não quero enfrentá-la no momento
Tudo porque sinto demais as coisas
Agora perdi a vontade de existir
Tão no começo da minha descida
Não consigo pensar corretamente
Então sei que velha é a estrada
Ainda tenho muito que rolar
Porque sou uma pedra lascada.

Quadro de Kurosawa



Fiz um esboço do meu sonho
Com o tempo ele mudou
O esboço? Não, o sonho!
Mas o medo me impediu de seguir outro...
Eu pensei que nunca mudaria de sonho
Mudar de sonho é como matar um eu
Acho que me matei muitas vezes
Queria ser uma coisa junta
E realizar um sonho
Para depois ter coragem de separar-me
E me matar para ser a outra!
Tem um lugar onde isso da certo
É o melhor lugar se você tiver boa intenção
Espero que ele esteja limpo e espaçoso
Para caber outra eu, eu, eu, eu e eu!

Crise Existencial



Quem sou?
Sinceramente não sei.
Não sei nem para onde vou,
Ou se aqui amanha estarei
Quem sou?
 Insisto em me perguntar,
Do pensamento uma dúvida sobrou
E esta não poderia sobrar
Talvez possa me inventar
Do resto que em mim existe
Mas sempre em mim irá restar
Esta pergunta tão triste:
Quem sou?
Escritora de livros inacabados
 Pintora de quadros invisíveis?
Ou moradora da terra sem terra
Ponho em linhas palavras de quem erra
Linhas tão finas,
Palavras tão medíocres...
Medíocre também sou!
Nas lágrimas me reduzo
O meu eu se suicidou
Por estar muito confuso
Quem sou?