quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O que vou ser quando crescer?

foto tirada por Maxwel


Como muitos seres humanos, já passei por diversas crises existenciais. Certo dia acordei com o canto de um passarinho e pensei: Os pássaros não tem esse tipo de crise vivendo em sua verdadeira natureza. Pássaros procuram a comida necessária pra eles, ficam bonitos e cantam para encontrarem suas parceiras, acasalam e têm seus filhotes. A vida de um pássaro é simples: fazer apenas o necessário para viver e garantir que sua espécie permaneça. Ervas daninhas, formiguinhas, bactérias e protozoários, qualquer um dos organismos mais humildes faz tudo para assegurar a vida, a reprodução. Por que então muitos seres humanos não querem ter filhos ou passar seus conhecimentos para outros? Não seria mais uma forma de egoísmo? Quantas ambições eu alimentei em minha vida? Hoje eu sei que foram mais do que o suficiente para ser feliz.
Quando criança, tinha facilidades para muitas coisas, mas resolvi não investir nelas, preferi investir nas minhas dificuldades. Então me propus a realizar coisas nas quais não tivesse o mínimo de talento. Dessa forma, passei por muitas dificuldades, levei golpes fortes no meu ego e tentei trabalhar a minha humildade. Só que certa vez, conversando com um amigo ele me perguntou, se fazer o bem não era ainda mais difícil do que as coisas que eu estava tentando aprender. E aí eu me dei conta de uma coisa que eu sabia, mas tinha esquecido e comecei a pensar sobre ela. Fazer o bem é complicado. A gente não tem costumes de ajudar as pessoas, porque não somos educados a isso.
            Aprendi com ”O evangelho Segundo Jesus Cristo” que a omissão é o pior dos pecados. E quantas vezes já não fui omissa em minha vida? Nunca vou esquecer o dia em que vi um cadeirante com dificuldades de subir numa rampa, fiquei com vontade de ajudar, mas tive medo que ele brigasse comigo, dissesse que faria sozinho. E como fui estúpida!Segundos após meus pensamentos, ele caiu. Só aí tive coragem de ajudar. Faltou humildade para que eu chegasse lá sem medo de ferir meu orgulho com um fora. Preciso aprender a fazer o bem, sem me preocupar com a lógica de vencer minhas dificuldades. O amor verdadeiro não tem impedimentos e preenche o “vazio” que nós tentamos acabar com conquistas materiais. A vida tem o significado que a gente dá a ela.
 O ser humano não sabe ao certo qual é a sua função na natureza, como os pássaros que vivem bem com o que fazem. Nós podemos fazer muita coisa no mundo e qualquer adolescente fica preocupado com a profissão que vai seguir um dia, com a melhor forma de alimentar sua vida material. Os jovens idealistas muitas vezes crescem e se arrependem de não serem remunerados suficientemente bem como seus colegas que se formaram em direito, ou os que fizeram concursos públicos. Sentem o mal causado pela comparação com o outro, que mata tudo de bom que o ser humano tem, pois comparar-se com alguém é aprisionar ambas as essências dos seres em questão aos seus critérios. É fazer um julgamento sem sentido que não traz nada a não ser inveja e tristeza. Vamos tentar recuperar o nosso desejo de infância de ser artista, astronauta, cientista ou médico sem nenhum interesse material, mas apenas pela emoção de uma vida surpreendente e útil. Acordar feliz para o que fazemos é o maior charme!     

5 comentários:

  1. *-------------*
    Eu quero ser astronauta... e tocar piano, violão e flauta. E quero cantar também. E quero ter uma fazenda de estrelas...

    Carol, você é o maior charme. =)

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  2. Muito legal seu texto... Com minha humilde visão biológica queria dar minha opinião.

    Poderia dizer que alguns humanos escolhem não ter filhos porque nossa espécie cresceu e evoluiu de uma associação ecológica chamada sociedade. Foi esse tipo de associação que permitiu chegarmos onde estamos. A vida em sociedade mascara o egoísmo por trás de nossos genes. Mas afinal, nossa espécie é egoísta ou altruísta? Diria que vivemos transitando entre as duas formas, com tendências ao egoísmo. Muitas das ações que os humanos fazem, apesar de aparentemente ser uma ajuda ao próximo, não passam de uma busca para satisfazer os desejos próprios.

    Não quero parecer rude, mas o ajudar o cadeirante pode ter sido um ato egoísta seu. Você partiu da premissa que ajudar os outros, o amor, preenche um vazio. O vazio de quem? Seu! Por outro lado está em nossos genes que foi a colaboração que permitiu dominarmos este planeta, infringir essa base seria cometer os “erros” (a natureza não distingue o errado do certo) das espécies passadas, seria um suicídio. No final das contas também acabamos sendo egoístas, pois estamos querendo manter a nossa espécie, não importa as outras, dependendo dos limites que estamos estabelecendo.

    Algo que está em evidência são as campanhas para “salvar o planeta”. Será que realmente estamos querendo salvar o planeta? Não seria nos salvarmos? Descobrimos que somos mais dependentes de algumas espécies de insetos do que o contrário. Precisamos “salvá-las”, mas para nos salvarmos... Ninguém escapa, nem mesmo os religiosos que se julgam os donos da bondade; estes, garanto que na sua crença de uma vida “post mortem” não diriam que tanto faz um lugar no céu como no inferno. Eles são até sinceros quando dizem que querem “ser salvos”.

    Concordo contigo quando falas que não sabemos qual a nossa função na natureza. Temos a tendência de procurar funções em tudo, uma herança da visão mecanicista cartesiana que ainda temos. Digo-lhe que em sistemas biológicos às vezes procuramos uma função onde não existe função, pelo menos naquele momento. Isso porque somos entidades históricas. A espécie é uma entidade histórica fruto de um processo de evolução. Um exemplo é: nosso genoma possui informações para codificar uma cauda, tanto é que ela ainda aparece em nossos primeiros estágios embrionários, mas porque ainda temos esses genes em nosso genótipo? Qual seria a função da cauda nos estágios iniciais de desenvolvimento? Qual função ela teria se ela continuasse no adulto? Simplesmente não há. É apenas resquícios de nossa história evolutiva, de espécies passadas.

    Esse comentário ficou maior que eu esperava. Isto é bom. Sinal que seu texto me inspirou para escrever algo, portanto, continue postando suas ideias. Mais uma vez, foi um prazer lhe conhece hoje.

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  3. Sim... Tenho um blog também... Está com teias de aranha, mas esses dias pretendo passar por lá, fazer uma limpeza e postar algo novo. Segue o link: http://animalinstintivo.blogspot.com

    Obs.: Depois que postei vi um erros de concordância no comentário acima, releve-os..

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  4. Oi Emerson! Primeiramente agradeço a sua opinião que contribuiu para enriquecer as discussões aqui no blog.
    Realmente, devo reconhecer que meu comportamento é deveras egoísta. Se não dependesse dos outros terráqueos, durante todo meu passado evolutivo, acho que não ajudaria ninguém com nada. Por muito tempo, apesar desse passado social, eu fui assumidamente egoísta (daquelas pirralhas chatas que não divide e nem trabalha em grupo), imagina sem meu passado social, rs? Eu sempre fui uma defensora da vida e da humanidade, essa é só uma forma de pensar, que não surgiu para que a espécie exista essencialmente. Idéias surgem aos montes no mundo, e muitas vezes se repetem ou desaparecem. Mas só são notadas se são necessárias. Minha aversão a comportamentos de pessoas que escolhem não se reproduzir deve-se somente a diminuição da variedade genética. Embora pessoas que não querem ter filhos possam simplesmente com este comportamento impedir a superlotação terrestre (sou adepta de colonizar outros planetas para resolver isso).
    Penso que devemos cuidar da Terra, por nós mesmos sim. Ora, odeio entrar em meu quarto quando ele está sujo, imagina viver num planeta imundo? Porém não costumo racionalizar meus sentimentos, simplesmente sinto que devemos proteger outras espécies, sinto que devo ter pelo menos um filho (num futuro distante!) e sinto que devo ajudar as pessoas. Sendo ou não táticas egoístas dos meus genes ou memes procuro executar-las para preencher o MEU vazio. (Não precisava me chamar revelar meu egoísmo aqui, mas não fiquei ofendida :P)
    Ah! Quanto ao português, eu mesma detesto ler duas vezes o que escrevo. Então muitas vezes peco na gramática.

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  5. Realmente viver num planeta sujo ninguém merece... Considero o planeta Terra como minha casa. Não tenha dúvidas que apesar do meu aparente pessimismo no comentário acima eu não deixo a realidade nem mesmo o otimismo de lado. Escolhi ser biólogo, e um dos nossos principais papéis é justamente defender o ambiente e principalmente os seres vivos. Disse que nós (como humanos em geral não-biólogos) só protejemos por que não queremos morrer. Falando como biólogo, eu protejo animais e plantas, pois acredito que cada espécie tem seu DIREITO a existência. Afinal muitas delas surgiram mesmo antes de nós humanos aparecermos.

    Gostei de discutir contigo, portando poste sobre mais temas polêmicos para discutirmos mais e aprendermos mais, mais e mais. Especialmente sobre temas da física que conheço tão pouco =)

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